Leia e ouça com atenção - 07/05/2019

Certa vez, quando era estudante, li uma anedota escrita por um psiquiatra sobre um homem atormentado por vozes que falavam alto em sua cabeça. Ele foi internado no hospital e submetido a uma lobotomia. Mais tarde, ele vagava pelo hospital gritando para as suas vozes: "O que você diz? Fale mais alto. Não consigo te ouvir.”

Lembro-me que ri ao ler esta anedota . Então, quando percebi que estava rindo da dor de uma pessoa verdadeiramente digna de compaixão, parei de repente, sentindo-me culpado. Eu me perguntei como poderia ser tão insensível. Minha resposta para mim mesmo foi que se eu conhecesse aquele homem no hospital, eu não teria rido. Eu me diverti porque a apresentação da situação irônica foi feita de forma a contornar a compaixão do leitor. Essa foi uma das minhas primeiras lições de como ler e ouvir com atenção. Todo relato, escrito ou verbal, envolve escolhas do que deve ser incluído e o que deve ser deixado de fora.


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