A utilidade e a limitação dos rótulos –24/12/2019

Tome um ser humano. Imagine uma apresentação de slides com fotografias tiradas dele diariamente desde o dia de seu nascimento até o dia de sua morte como um homem velho. Imagine um diário listando seus pensamentos, crenças, emoções, desejos e medos todas as semanas desde a infância até a morte. A principal característica desses dois registros seria a mudança constante. Haveria pouco em comum entre o início e o fim da apresentação de slides e do diário. Nossa genialidade como seres humanos tem sido aprender como atribuir nomes fixos a tais fluxos de fenômenos não fixos. Poderíamos, por exemplo, chamar essa vida de Joe.

A vantagem dessa nomeação de processos é enorme. Muito do nosso grande sucesso como espécie pode ser atribuído a isso, mas há uma desvantagem. Quando entendemos a nós mesmos e ao mundo em termos de rótulos fixos, tendemos a acreditar que nós mesmos e nosso mundo consistem verdadeiramente de entidades fixas (attā). Esta é a raiz do nosso sofrimento. A prática do Dhamma consiste em se reconectar com a natureza do processo real de nossas vidas (anattā). Ainda respeitamos e utilizamos nomes como 'Joe' ou 'Tailândia', mas não nos iludimos pensando que eles representam, com precisão, a natureza das coisas.

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