Ajuda mútua como marca da evolução das espécies – 04/04/2020

Durante uma visita à minha família em meados de 1990, eu topei com um amigo querido sob as escadas. Não foi tão estranho como você pode pensar. O amigo era um livro – como muitos dos meus melhores amigos, enquanto crescia, costumavam ser – uma edição velha e mal conservada do “Ajuda Mútua”, de Peter Kropotkin. 

Eu havia comprado o livro numa livraria de livros usados em Cambridge, uns vinte anos antes. Ele entrou na minha vida num momento em que eu estava procurando duro por refutações inteligentes à ideia de que a vida é uma luta sinistra na qual toda pessoa deveria buscar ser o número um. Eu queria um apoio para minha convicção de que o altruísmo não é somente possível, mas uma ferramenta essencial para a sobrevivência humana e seu florescimento. 

O livro de Kropotkin foi uma revelação. Aqui, ele sumariza suas descobertas: “A ajuda mútua, tanto quanto a luta mútua, é uma lei da vida animal, mas aquela, como fator de evolução, tem provavelmente uma importância maior, visto que favorece o desenvolvimento de hábitos e características que asseguram a manutenção e o desenvolvimento mais intenso das espécies, aliado a um maior bem-estar e satisfação com a vida pelo indivíduo, com menor gasto de energia.” 

Mais de cem anos se passaram desde a publicação desse livro, mas na situação atual do mundo, ele volta à minha mente novamente. Nessa crise, há sinais de que muitos estão acordando para a necessidade e nobreza da ajuda mútua. Nos próximos meses e anos, quando o impacto econômico do vírus se tornar aparente, especialmente para os pobres e vulneráveis, vamos nutrir esse comprometimento com a ação compassiva para o bem-estar de todos.