Elogio e culpa– 19/04/2020

Um dia, estava assistindo Ajahn Chah enquanto ele estava sentado sob sua cabana recebendo convidados. Num determinado momento, um grupo de pessoas de Bangkok chegou. Durante o curso de sua conversa com eles, Ajahn Chah apontou para mim: “Esse aí está aqui há pouquíssimo tempo e já pode falar tailandês e o dialeto de Isan bastante bem”. Ele se virou para mim: “Não pode?” “Sim, senhor”, respondi. Ele sorriu para seus convidados: “Vocês estão vendo!” Eu não sei se alguma outra vez na vida senti tanto orgulho de mim mesmo como naquele momento. Depois que os leigos haviam ido embora, Ajahn Chah tirou sua dentadura — agora manchada de vermelho com suco da castanha de betel — e falou para que eu as esfregasse e as deixasse limpas com areia. Enquanto eu trabalhava, ele falou rápido comigo no dialeto de Isan. Mesmo com seus dentes na boca, eu lutava para entender um pouco mais do que a essência do que ele dizia. Sem seus dentes, eu não podia entender uma palavra. Carrancudo, ele resmungou com os outros monges sobre minhas habilidades com o idioma. Não sei se alguma outra vez na vida, eu me senti com a autoestima tão baixa como naquele momento.

Assim foi como Ajahn Chah me ensinou sobre elogio e culpa.

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