Clareza mental – 20/06/2020

A clareza pode ser muito convincente. Imagine que você interpretou mal um comentário feito por alguém como um insulto. Doeu tanto que, mesmo anos depois, a lembrança é clara como um cristal. A memória é tão vívida que você assume que, portanto, aquilo que é lembrado – o insulto doloroso – deve, definitivamente, ter ocorrido. De fato, a clareza é apenas o resultado da emoção que a memória evoca. Quantas questões do passado poderiam ser evitadas através da compreensão deste ponto.

Imagine que há um tópico abstrato que você está lutando para entender há anos. Você está muito frustrado. Então você ouve uma analogia brilhante que explica o ponto. Sua frustração se dissolve. O que era nebuloso e obscuro, agora é simples e claro. Você supõe que a clareza da imagem é uma prova da precisão da analogia. Não é. As pessoas sábias não abandonam o princípio de “não tenho certeza”. 

Embora a clareza mental possa ser enganosa, há um caso em que ela é confiável: a clareza que se manifesta quando os cinco obstáculos são abandonados pela meditação. Aqui, a clareza não é um atributo dos objetos que surgem na consciência, mas do terreno em que eles aparecem. É a clareza que permite que os objetos mentais sejam reconhecidos como fenômenos impermanentes e sem dono, em vez de um eu ou pertencentes a um eu. Esta é a clareza que é um pré-requisito para o desenvolvimento da sabedoria.

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