A sensação de ser racional – 22/08/2020

Há uma história bem conhecida de um homem sentado ao lado de um saco de pimenta malagueta. Ele morde uma pimenta, faz uma careta e a cospe. Ele pega outra pimenta e faz a mesma coisa. Ele repete o mesmo processo várias vezes, embora seja desagradável para ele fazer aquilo. Quando questionado sobre o que está fazendo, responde que está procurando uma pimenta doce. 

Claramente, esta é uma história que ensina a tolice de recriar as mesmas causas continuamente, enquanto se espera por um resultado diferente e melhor. Na versão budista, a história expressa a futilidade de buscar felicidade duradoura em experiências impermanentes. 

Mas como o homem da história vê a situação? Presumivelmente, ele não se considera um tolo. Meu palpite é que ele tenha alguma lógica a seu favor. Talvez ele tenha ouvido dizer que uma entre mil pimentas tem um sabor tão doce e maravilhoso, que vale a pena mastigar centenas de picantes para encontrá-la. Talvez ele tenha lido um artigo na internet revelando que a existência da pimenta doce é um segredo zelosamente guardado por uma organização internacional do mal. Talvez ele acredite que um deus criará o milagre de doçura para ele, se orar com bastante força. 

A observação: as pessoas que agem de forma irracional frequentemente acreditam que são as verdadeiramente racionais. Moral da história: não tome a sensação de que está sendo racional como prova de que está.

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