Sobre o luto – 20/09/2020
Quando alguém importante em nossa vida morre, nosso luto pode ter vários níveis. Se nosso relacionamento com essa pessoa era uma parte central de nossa vida, então podemos sofrer com a compreensão de que a pessoa que somos nesse relacionamento – cônjuge, filho, filha, amigo – se foi e nunca mais voltará. Podemos, portanto, de certa forma, estar de luto por uma parte querida da gente mesmo. E podemos até sofrer por uma versão de nós em que nunca acreditamos verdadeiramente. Algum tempo depois da morte de seu pai, a autora americana Toni Morrison escreveu: “Ele tinha uma visão lisonjeira de mim como alguém interessante, capaz, espirituosa, inteligente, espiritualizada. Eu não compartilhava dessa visão de mim mesmo, e me perguntava por que ele a sustentava. Mas foi a morte daquela garota – aquela que vivia em sua cabeça – que eu lamentei quando ele morreu. Ainda mais do que eu chorei por ele, sofri pela perda da pessoa que ele pensava que eu era.”
A separação de tudo o que amamos é inevitável e sempre acompanhada de dor. Mas, nos abrindo para a simples verdade de que todo alô condiciona um adeus duradouro e refletindo sobre isso todos os dias, podemos reduzir a amargura da dor. Podemos nos inclinar para enfrentar a separação futura com calma aceitação e experienciar essa dor com paciência, livre da raiva e do desespero.
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