Gentilezas inesperadas – 20/10/2020
Muitos anos atrás, eu fiz uma peregrinação de Bodh Gaya, onde o Buddha se iluminou, para Sarnath, onde ele deu seu primeiro ensinamento. Peguei um longo caminho que me manteve longe de estradas movimentadas. Enquanto caminhava pelo interior remoto, senti uma grande alegria: certamente era assim que deveria se sentir um monge na época do Buddha. Mas, infelizmente, o mundo moderno não estava muito longe. Eu tinha uma passagem de avião na minha sacola e um prazo a cumprir. Na última parte da viagem, caminhei ao longo da linha ferroviária. Uma noite, encontrei dois trabalhadores da ferrovia verificando os trilhos. Disseram que era perigoso caminhar à noite e insistiram em me acompanhar até a próxima estação. Lá, eles me convidaram para passar a noite com eles em um galpão de concreto no final da plataforma. Era uma noite muito fria e aceitei. Um dos homens então desapareceu. Poucos minutos depois, ele voltou para o galpão com um sorriso tímido no rosto, carregando um grande tijolo. Com grande respeito, ele me ofereceu o tijolo, apontando para a minha cabeça e dizendo: “Travesseiro”. Foi um dos presentes mais tocantes que já recebi.
Há algo de maravilhoso nesses atos de bondade. Duvido que algum dos meus leitores já tenha recebido um travesseiro de tijolo, mas tenho certeza de que todo mundo já foi tratado com uma gentileza inesperada. Lembrar dessas ocasiões e trazê-las à mente acalma a mente agitada e dá alegria em um momento de desânimo.
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