O humor e a impermanência – 24/11/2020

Em um dos esquetes cômicos favoritos de minha infância, um homem está preso em uma pequena cela vazia na Rússia Revolucionária. Ao amanhecer, ele enfrentará um pelotão de fuzilamento. Finalmente, tarde da noite, consegue adormecer. Imediatamente, ele acorda em uma cadeira no jardim da casa de sua família, uma bela e espaçosa casa no interior da Inglaterra. É um lindo dia, pássaros cantam e sua mãe, sorrindo, caminha em sua direção carregando uma bandeja com chá e bolinhos. Ele solta um grande suspiro de alívio, “Oh! Foi tudo um sonho”. “Não”, diz a mãe, “este é o sonho. Você ainda está na Rússia”. No momento seguinte, soldados entram pela porta de sua cela e o arrastam para fora. (Ele não morre —todos os soldados erram os tiros — mas essa é outra história). 

Muitas comédias derivam de expectativas frustradas. Além da meditação, elas são provavelmente a fonte mais agradável de lições sobre a impermanência e a natureza não confiável dos fenômenos. As comédias estão longe de ser um caminho para a iluminação, mas podem, às vezes, diluir a escuridão. As comédias podem nos lembrar de que não temos o direito de esperar que as coisas continuem como têm sido. Mesmo as tragédias, depois de um tempo suficiente, podem nos proporcionar humor e risos curativos.

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