É assim que é – 23/01/2021
Em 1978, passei o retiro das chuvas com a pequena comunidade monástica de Ajahn Sumedho no interior da Inglaterra, perto de Oxford. Pouco antes de partir em busca de ordenação como monge na Tailândia, um homem chamado B. chegou para ocupar o lugar que eu estava deixando vago. Até recentemente, B. havia sido um noviço Zen no Japão. Em seu retorno à Inglaterra, ele se sentiu atraído pelo Theravada. Ele disse que ficou especialmente inspirado pelo Theravada por sua ênfase em examinar o sofrimento e investigar as maneiras como esse era criado desnecessariamente pelo anseio. B. se adaptou bem à comunidade, mas encontrou um grande desafio imprevisto. Enquanto todos meditávamos sentados no chão, no estilo tailandês, B. sempre havia meditado usando um zafu. Adaptar-se a uma nova postura sentada foi muito difícil para ele e ele achou aquilo profundamente frustrante. A postura de meditação Zen tinha sido seu refúgio e ele a perdeu. Quando ele reclamou comigo sobre o quanto estava sofrendo, eu o lembrei — talvez um pouco indelicadamente — que certamente ele havia encontrado o que estava procurando. Ele respondeu: “Bem, sim, eu quero examinar o sofrimento, mas não esse tipo de sofrimento”.
Nunca esqueci essas palavras. Elas me parecem expressar um lamento universal. Como budistas, aceitamos a importância de enfrentar o sofrimento de forma abstrata, resistindo à realidade particular. Preferiríamos algum outro tipo de sofrimento. Ajahn Sumedho tinha um remédio simples para esse pensamento deludido. Ele nos ensinou a refletir: “É assim que é!” Em outras palavras, ele estava dizendo que não podemos escolher. Agora é isso que está diante de nós. Não sinta pena de si mesmo. Use as ferramentas que o Buddha nos deu e lide com isso.
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