Tudo está certo do jeito que está – 16/01/2021
Em uma noite extremamente fria de dezembro de 1980, sentado no assento de vime sob sua kuti, Ajahn Chah deu um discurso de Dhamma para seus discípulos ocidentais. Enquanto estava sentado entre sua audiência no chão gelado naquela noite, em meu manto de algodão fino, lutando para não tremer, eu estava no céu. Fazia exatamente dois anos desde que havia chegado em Wat Pa Pong. Todo o meu árduo trabalho para aprender a língua tailandesa havia dado frutos. Agora eu podia entender cada palavra do discurso do meu professor e me sentia cheio da alegria do Dhamma.
O tema da palestra daquela noite foi que tudo está correto; são apenas nossos desejos que fazem parecer o contrário. Ao dizer isso, Ajahn Chah não estava negando a realidade do bom e do mau, do certo e do errado. Ele estava dizendo que tudo o que ocorre é a expressão de uma teia de causas e condições. Como tal, todas as experiências são as consequências inevitáveis de tudo o que aconteceu antes — para usar a expressão de Ajahn Chah, tudo está “correto”. A pessoa sábia torna-se livre do sofrimento, não lutando contra ele, mas lidando com as causas e condições que estão por trás dele.
Mais tarde, naquela noite, alguns de nós acompanharam Ajahn Chah escada acima. Quando ele se sentou em sua cama, coloquei meias em seus pés e sem querer pus uma pelo avesso. Percebendo, ele disse: “Você colocou aquela errado”. Eu respondi: “Luang Pó, está correto”. Ele sorriu: “Você ouviu bem!” Tirei a meia, inverti, coloquei-a de novo no pé dele. Então, depois de me curvar três vezes, me despedi.
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