Forças mercadológicas x presença mental – 20/03/2021
Algum tempo atrás, eu estava discutindo um projeto de construção com um arquiteto. Ele explicou as escolhas que fez no design usando palavras como “honesto” e “sincero”. Para mim, como monge, era interessante ouvir termos éticos usados para justificar o número de janelas em uma parede, ou a colocação dos canos. Percebi que seria impossível criticar o design sem parecer estar do lado do desonesto e do falso. A metáfora ganhou vida própria.
Na mesma linha, muitas empresas hoje em dia tentam convencer os consumidores de que seus produtos são simplesmente expressões de valores positivos como “transcendência” ou “comunidade”. Eles esperam que isso leve a relacionamentos de longo prazo com os consumidores e à fidelidade à marca. Em um mundo onde as forças que tentam manipular nossas emoções são tão avassaladoras, onde podemos depositar nossa confiança? A presença mental (sati/mindfulness) é um bom lugar para começar.
A presença mental cria para nós uma lacuna entre o estímulo e a resposta. Somos capazes de reconhecer “em tempo real” se estamos sendo persuadidos a acreditar que comprar um produto ou serviço nos tornará mais atraentes, com um status mais elevado ou, de alguma forma, uma pessoa melhor. Com presença mental, podemos avaliar essa afirmação com uma simples respiração. Quanto mais presença mental tivermos, menos crédulos seremos. Sem presença mental, mesmo as pessoas mais inteligentes são vítimas de seus desejos e medos.
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