As quatro torrentes – oghas – 27/07/2021

Em alguns casos, o Buddha agrupou as impurezas de acordo com as ocasiões em que elas se manifestam (por exemplo, nivaranā*) e em outros, nas ocasiões em que foram abandonadas (samyojanā**). Em alguns casos, os membros do grupo foram escolhidos por seu efeito comum na mente. 

Nesse último tipo está o grupo chamado de Quatro Torrentes (ogha). O Buddha escolheu a torrente como uma metáfora para a impureza por causa da maneira como a impureza pode submergir tudo em seu caminho, causar grande destruição e até mesmo a perda da vida. Assim como tudo que é absorvido por uma enchente se torna parte dela, tudo o que proporciona felicidade e benefícios em nossa vida pode ser recrutado a serviço das impurezas. 

O primeiro ‘ogha’ é o desejo por prazeres sensuais (kāma). Sem a proteção dos preceitos, resiliência e presença mental, e sem acesso ao prazer superior de samādhi, a mente é facilmente inundada pelos desejos dos sentidos. 

O segundo ogha é o vir a ser (bhava). Aqueles que são pegos nas fortes correntes do desejo por status, fama, riqueza e poder, logo se perdem da sabedoria e da paz. 

O terceiro ogha são “visões, crenças, opiniões” (ditthi). Levado pela crença de que “eu estou certo, estou do lado da verdade”; as pessoas perdem seu fundamento na humildade e na compaixão. 

O quarto ogha é a ignorância (avijjā). Enquanto não penetramos nas Quatro Nobres Verdades, somos varridos sem esperança ao longo dos infinitos caminhos do samsāra. 

O Buddha nos encorajou a encontrar um refúgio contra essas enchentes em terras altas, e a fazer para nós mesmos uma ilha. 

* os cinco obstáculos, 
** os grilhões que aprisionam a mente ao ciclo de renascimentos

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