Sobre nosso relacionamento com autoridades externas - 13/07/2021

Por centenas de anos, os médicos europeus prescreveram arsênico para distúrbios digestivos. Desnecessário dizer que nenhuma cura foi efetuada pelo tratamento. A razão pela qual, destemidamente, os médicos continuaram a recomendá-lo por tanto tempo, foi a reverência pela autoridade. Infelizmente, a autoridade neste caso — o livro médico que prescreve o remédio — foi mal traduzido do árabe. A palavra ‘darsini’ traduzida em inglês como ‘arsênico’ na verdade significava ‘canela’. 

Descobrir a instrução do Buddha de não acreditar em nada simplesmente por respeito à tradição, por fé ou mesmo pela lógica foi uma revelação para mim e para muitos jovens ocidentais da minha geração. No entanto, a sutileza das palavras do Buddha a respeito de nosso relacionamento com as autoridades muitas vezes passou despercebida. Muitos comentaristas modernos as consideram como um incentivo à rejeição de toda autoridade externa, colocando o próprio julgamento em primeiro lugar. Mas o Buddha, de fato, não rejeitou o valor de recursos como autoridade externa, lógica e certamente não rejeitou suas próprias palavras. Ele nos aconselhou a levar todas essas coisas em consideração, a dar o peso apropriado a cada uma delas. O que ele estava nos advertindo era sobre não ter uma crença absoluta e inquestionável em qualquer coisa passível de erro ou deturpação.

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