O perigo das suposições não examinadas – 06/07/2021

Eu gostaria de aproveitar esta oportunidade para fazer um pedido público sincero e bastante atrasado de desculpas aos avestruzes. Confesso que em muitas ocasiões na minha vida rebaixei injustamente sua inteligência. Mencionava com certo desprezo seu hábito de lidar com o perigo iminente enterrando a cabeça na areia: “Nós somos seres humanos”, proclamava nas palestras do Dhamma, “não avestruzes. Devemos enfrentar nossos problemas, não os ignorar, enterrando nossas cabeças na areia”. Admito abertamente que nenhuma vez me perguntei como avestruzes conseguiam respirar enquanto suas cabeças estavam tão enterradas. 

Foi a internet que me revelou a verdade. Descobri que nenhum avestruz jamais foi visto enterrando a cabeça na areia diante do perigo. Vou repetir: nem uma vez, nunca. 

O mito — porque é um mito — é presumivelmente baseado no fato de que os avestruzes põem seus ovos na areia e, de vez em quando, os movem com o bico. Ou talvez porque, quando encurralados por inimigos e sem nenhum lugar para ir, eles se agachem com as cabeças apoiadas no chão. 

Não vou pegar o caminho fácil aqui e culpar meus pais ou professores por me induzir ao erro neste assunto. Minha única preocupação é quantas outras partes da minha compreensão do mundo e das outras pessoas são baseadas em suposições não examinadas.

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