Abrindo os olhos para a natureza das coisas — 11/09/2021

Ontem, eu estava sentado com um colega monge no pavilhão com cobertura de grama em meu eremitério. Caía uma chuva suave e a temperatura estava agradavelmente fresca. Olhando para o sul, passando pelo grande Buddha de pedra cercado por sua piscina de lótus e sereno sob sua árvore protetora, os picos de Khao Yai formavam uma silhueta contra o céu cheio de nuvens. 

De repente, um movimento incomum na frente do Buddha chamou minha atenção. Levantei-me e caminhei em sua direção. Ao me aproximar da piscina de lótus, percebi que o objeto do meu olhar era uma cobra-rei com um grande sapo preso entre as mandíbulas. O sapo estava em choque. Lutou um pouco, mas com o que pareceu um esforço bastante resignado e indiferente. Ele sabia que era tarde demais; seu tempo havia acabado. Logo, a cobra, com o prêmio na boca, voltou para sua casa na base da árvore. Nós, dois monges, retomamos nossa conversa. 

Há uma espécie de paz em fechar os olhos para a vulnerabilidade e a insegurança de nossas vidas. Mas existe uma paz superior em abrir nossos olhos para a natureza das coisas. Não lutamos contra a verdade; reconhecemos que somos sapos e que existem cobras, e está tudo bem. Cada momento tem significado porque pode ser o último.

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