Uma advertência contra a autocomplacência – 04/12/2021


Ajahn Chah não falava inglês, mas era muito hábil em ensinar seus discípulos ocidentais que sabiam pouco o tailandês. Um dia, nas semanas que se seguiram à minha chegada a Wat Pah Pong, eu estava varrendo folhas quando ele passou em uma ronda de inspeção. Assim que o vi, meu coração começou a bater forte contra meu peito como se fosse pular para a floresta. Eu me agachei ao lado do caminho, olhos baixos, minhas mãos em anjali. 

Ele disse: “Chaun (“Spoon/colher” era seu apelido para mim, pois ele não conseguia pronunciar meu nome em inglês, Shaun), você está bem?” “Sim, Luang Pó, estou bem.” “Você está muito bem?” “Estou muito bem.” “Muito bem não é bom.” E com um olhar severo em seu rosto, Ajahn Chah afastou-se.

Fiquei atordoado. O que eu fiz de errado? Eu tinha aprendido recentemente a frase ‘Sabai dee’ e ninguém nunca tinha me dito que não era bom. Como podia ser ruim? 

Ele claramente havia me dado algum tipo de ensinamento. Passei muitas horas naquele dia tentando descobrir o que Ajahn Chah estava me dizendo. 

Esta é a conclusão a que cheguei: Estar bem era bom. Significava que me sentia contente com minha decisão de aceitar o treinamento e estava me adaptando bem. Mas ‘muito bem’ não era bom, porque eu estava no início da prática e meu coração ainda estava cheio de impurezas. Eu me sentir muito bem só seria possível se estivesse negligenciando todos os desafios internos que enfrentava. Recebi um aviso contra a complacência. Meu entendimento foi que Ajahn Chah tinha visto o quanto eu amava a vida monástica, observado minha personalidade descontraída, e me dado o melhor ensinamento que poderia, em poucas e simples palavras.

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