Atos de bondade e o caminho de prática do Buddha - 19/03/2022

Era maio de 1977. Eu tinha acabado de cruzar o passo Khyber, entre o Paquistão e o Afeganistão, e estava parado na beira da estrada tentando pegar carona para Cabul quando um táxi parou.  No banco de trás, estavam sentados dois ocidentais bem vestidos. Deduzi por seus rabos de cavalo que deviam ser devotos de Hare Krishna.  "Entre!" - eles disseram com sorrisos calorosos, e eu entrei.

Eles contaram que eram empresários de São Francisco.  Tinham comprado artesanato em Peshawar e estavam voltando para sua base no Hilton de Cabul.  Acho que eu era uma figura tão exótica para eles quanto eles eram para mim, mas mesmo assim conversamos quase sem parar durante a longa jornada.  Quando chegamos aos arredores de Cabul, éramos bons amigos.  Para eles, minha vida parecia inimaginavelmente austera e, quando nos separamos, um deles insistiu que eu aceitasse um pequeno presente.  Era uma nota de 50 dólares - um tesouro para mim naquela época.

Quando o táxi se afastou, fiz um voto.  Se naquele dia eu encontrasse outro viajante que precisasse mais daquele dinheiro do que eu, eu o doaria.  Sentei-me em uma casa de chá e em poucos minutos um jovem inglês entrou.  Ele parecia preocupado e abatido.  Quando perguntei se ele estava bem, ele me disse que seu dinheiro e todos os seus pertences tinham acabado de ser roubados.  Dei-lhe a nota sem arrependimento.

Todos nós fizemos coisas das quais nos orgulhamos.  A memória delas e as emoções que elas evocam podem se tornar uma poderosa técnica de meditação.  O Buddha disse que trazer à mente atos de generosidade traz alegria à mente.  Alegria leva ao êxtase, êxtase a um profundo bem-estar físico e bem-aventurança mental.  A bem-aventurança leva a samādhi que forma a base para ver as coisas em sua verdadeira luz.  É maravilhoso ver como cada ato de bondade pode contribuir para o caminho de prática do Buddha.

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