Todos nós, companheiros no que importa – Ajahn Jayasāro 20/08/2022


Em uma das grandes sátiras da superstição religiosa, um messias relutante está ficando exasperado com todas as pessoas que o seguem: “Vocês não precisam me seguir. Vocês não precisam seguir ninguém! Vocês têm de pensar por si mesmos! Vocês são todos indivíduos”. A multidão que o cerca grita de volta:
“Sim. Somos todos indivíduos!” Ele levanta a voz: “Vocês são todos diferentes!”, e a multidão ruge em resposta: “Sim, somos todos diferentes”. Então, em uma pequena pausa, uma voz desafiadora pode ser ouvida: “Eu não sou!”

A cena é engraçada e inteligente. A multidão nega sua individualidade afirmando-a; o rebelde solitário afirma sua individualidade negando-a.

A ironia é que, de fato, quanto mais pensamos por nós mesmos, mais profundamente refletimos sobre nossa mente e nossa vida, menos indivíduos nos tornamos, e não mais. Como meditadores, voltamos repetidas vezes à verdade de que todos os seres sencientes são nossos companheiros no nascimento, na velhice, na doença e na morte; que todos os seres compartilham o desejo de ser feliz e a aversão ao sofrimento. Ao fazer isso, dissolvemos as barreiras que nos separam dos outros.

Quanto menos nos identificarmos com esse corpo em particular e com esses estados mentais passageiros, menos buscaremos significado e propósito nas maneiras como somos diferentes dos outros.

Quanto menos medimos o valor de nossa vida pelas maneiras pelas quais nos diferenciamos dos outros, melhor nossa saúde mental.

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