Utilizando o antídoto certo contra impurezas enraizadas – Ajahn Jayasaro – 22/10/2022
No ensino médio, lembro-me de ter ficado muito impressionado com um desenho que ilustrava algumas palavras de Leon Tolstói. No desenho, um homem gordo e bem vestido atravessa um riacho montado nas costas de um pobre homem emaciado e em trapos, que está com o rosto vermelho pelo esforço. As palavras de Tolstói dão forma a legenda: “Eu monto nas costas de um homem sufocando-o e fazendo com que ele me carregue, e ainda assim asseguro a mim mesmo e aos outros que sinto muito por ele e desejo aliviar sua carga de todos os meios possíveis… exceto sair de suas costas.”
Ao longo dos anos, observei uma atitude semelhante em muitos meditadores. Eles estão dispostos a fazer qualquer coisa para libertar sua mente das impurezas, exceto a única coisa que é realmente necessária. Um exemplo: a meditação sobre os aspectos pouco atraentes e repulsivos do corpo humano é ensinada como o antídoto mais eficaz para uma mente tomada pela sensualidade. E, no entanto, muitos meditadores confrontados por tal desafio estarão dispostos a tentar tudo, exceto essa meditação. Da mesma forma, meditadores cujas mentes estão atoladas na negatividade, muitas vezes estão dispostos a tentar tudo, exceto a meditação mettā. Quanto mais instruídos forem esses meditadores, mais convincentes serão as razões que podem empregar para justificar sua posição.
Há momentos para ir com o fluxo e há momentos para ir contra ele. Ao lidar com impurezas crônicas e profundamente enraizadas, é hora de ir contra a corrente daquilo que nos faz sentir confortáveis.
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