O cultivo da presença mental nos nossos discursos internos – Ajahn Jayasaro – 05/11/2022
Há um aspecto repetidamente negligenciado do cultivo da presença mental na fala. Diz respeito ao discurso interno que usamos para enquadrar e dar sentido à nossa experiência. As palavras que usamos e os conceitos que elas expressam podem afetar a mente mais fortemente do que pensamos. Tome a palavra “muito”. Essa palavra tem a importante função de expressar a ideia de que uma causa ou estado de coisas vigente não está alinhada com uma meta ou padrão. Por exemplo, podemos dizer que estamos dirigindo muito devagar para chegar ao nosso destino no horário combinado; ou que uma estrutura é muito fraca para suportar uma carga estimada. Mas esta palavra usada de forma errada pode ter um efeito prejudicial significativo em nossa mente. Considere algumas das frases usadas para justificar não meditar: “Estou muito cansado”, “Estou muito inquieto”, “Estou com muita fome”, “Estou muito cheio”, “está muito quente”, “está muito frio”, “é muito cedo”, “é muito tarde”.
Aqui essa pequena palavra “muito” dá ao argumento para não meditar um poder imerecido. Toda a nossa resiliência é minada por isso. Mas com a presença mental estabelecida, podemos ver que, neste contexto, “muito” não significa impróprio ou inadequado; significa desconfortável. Queremos dizer “sinto-me desconfortavelmente cansado”, “está desconfortavelmente frio”. Reconhecendo que a palavra “muito” está mascarando reações cegas ao desconforto, a necessidade da resiliência, “a suprema incineradora de impurezas”, torna-se clara.
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