Um truque das impurezas: enxergar abrir mão da ganância como uma perda - Ajahn Jayasāro, 14/02/2023
Digamos que você tenha um bolo delicioso à sua frente. Você percebe o desejo de pegar outra fatia, mesmo sabendo que já comeu o suficiente. Por que é tão difícil resistir a essa tentação? O que faria isso ser mais fácil? Um elemento importante da dificuldade é a sensação de que não pegar algo de que você gosta é uma espécie de perda. E nós odiamos a perda. Perda de qualquer tipo parece – irracionalmente – como uma pequena morte. Daí o conflito. Então, talvez você racionalize sua ganância: “amanhã estará estragado”, ou simplesmente desligue seu pensamento à força e estenda a mão.
Uma das qualidades dos monges da Linhagem Nobre é que eles “encontram prazer em abandonar o que é prejudicial e desenvolver o que é saudável”. No caso da fatia de bolo, isso significa que no caminho budista podemos aprender a ver que se abster da fatia extra não implica necessariamente em perda. Agora vemos isso como uma troca. Somos capazes de trocar, sem remorso, alguns segundos de prazer sensorial pelo prazer de abandonar a ganância e desenvolver a contenção sensorial. Quanto mais contemplamos os perigos das impurezas e a beleza dos dhammas saudáveis, mais natural isso se torna. Chegamos a sentir que, de fato, ao exercer a contenção sábia, obtemos um grande ganho.
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