Distinguindo gatilhos de causas – Ajahn Jayasāro 21/03/3023
Uma tarde, muitos anos atrás, eu estava varrendo folhas na área central de nosso mosteiro quando ouvi gritos estridentes vindos da seção feminina. Imaginei que devia ser a leiga com câncer que havia chegado recentemente. Juntamente com outro monge, corri para ver o que havia acontecido. Temi que ela tivesse sido mordida por uma cobra venenosa. Quando chegamos em frente à cabana da mulher, ela estava parada com um braço levantado, soluçando de medo. Olhei a mão dela mais de perto e vi uma única formiga vermelha agarrada em um de seus dedos.
Minha primeira reação foi de alívio. E então senti vontade de rir. Essas formigas vermelhas estavam por toda parte na floresta e eram completamente benignas. Mas consegui me recompor e evitar constranger a mulher. Outra leiga chegou e gentilmente tirou a formiga do dedo da mulher. Sugeri que ela tomasse uma xícara de chá calmante.
Nem sempre podemos entender a reação emocional de uma pessoa a partir de seu gatilho imediato. Esta mulher tinha levado uma vida muito confortável na cidade. Provavelmente era a primeira vez que ela foi mordida por uma formiga. Quando isso aconteceu, todo o medo da dor e da morte provocados por seu diagnóstico de câncer encontrou uma liberação repentina. Para mim, esse foi um ensinamento memorável. Distinguir gatilhos de causas. Considere a dor subjetiva da pessoa: não se você acha ou não que ela deveria ter reagido de outra maneira.
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