Passei muitos anos como monge sênior em Wat Pah Nanachat. Uma vez por semana, no oitavo e décimo quinto dia da lua crescente e minguante, apoiadores leigos vinham pedir os oito preceitos e passar a noite no mosteiro. Toda noite, a sessão começava às 19h, com uma hora de meditação sentada, seguida de um período de cânticos. Por volta das 21h30, eu fazia uma palestra do Dhamma que durava cerca de uma hora e meia, às vezes mais. Muitas vezes, eu fazia uma palestra de "repreensão às kilesas", utilizando um estilo de falar muito direto e contundente pelo qual Ajahn Chah e seus discípulos são conhecidos naquela parte do país. Após tal discurso, um membro do comitê de leigos do mosteiro se aproximava do meu assento, se curvava com uma comoção óbvia e me dizia: "Foi uma palestra muito boa! Bem apimentada. Como gengibre e pimenta, realmente. Bem dolorosa de ouvir. Obrigado!"
Essa era para mim uma das qualidades que eu amava nos aldeões locais. Mesmo quando as impurezas estão sendo dissecadas impiedosamente, eles encaram e tentam aprender com isso. De alguma forma, eles até amam isso. É como alguém com o rosto vermelho e os olhos lacrimejando dizendo: "me dê um pouco mais deste prato".
Não somente suportar o desconforto de ter suas falhas apontadas, mas também ser grato por isso – essa é uma indicação clara de Sammāditthi, Visão Correta.
Leio e a mente traz a lembrança do ego. Talvez seja como desnudar o corpo. Vergonha e liberdade.
ResponderExcluir