A alegria do desencanto - 22/06/2024

Às vezes nos lembramos de uma convicção antiga a que nos apegávamos fortemente - uma pessoa, talvez, ou um relacionamento ou uma instituição. Agora, em retrospecto, nos espantamos com o quão inquestionável essa convicção era. Parece até que estávamos sob algum tipo de feitiço.

Da mesma forma, à medida que nosso entendimento das três características da existência se aprofunda, nós nos espantamos com o quanto acreditávamos em permanência, sukha e num "eu". Parece algum tipo de encanto. E surge uma emoção dependente dessa visão mais clara - nibbidā, um desencanto correspondente. Em tailandês, a tradução mais comum de nibbidā é "estar entediado ou farto de algo"; um estudante avançado do Dhamma está entediado com o samsāra. Nem precisa dizer que nibbidā não é um tipo normal de tédio, que é sempre incitado por algum grau de aversão. É a falta de interesse em assistir a um show de mágica, uma vez que sabemos como ele é feito. Estávamos encantados e agora não estamos. O desencanto pode não parecer um marco no caminho espiritual pelo qual se espera ansiosamente. Mas a vida sem o encantamento não é uma vida sem alegria. É apenas uma vida com um tipo diferente de alegria. Um tipo melhor. 

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