A fé escondida na ciência – 18/06/2024
A crença de que os fenômenos físicos mensuráveis são de alguma forma mais “reais” do que os fenômenos mentais imensuráveis é tão difundida hoje em dia que raramente é sequer reconhecida como uma crença. Em muitos trabalhos de ciência popular, descrições de experiências humanas são seguidas de sentenças que começam com frases como: "o que realmente está acontecendo aqui é..." e então uma consideração sobre ondas cerebrais, ou hormônios, ou algo assim. Não tenho a pretensão de ser um cientista, mas uma reflexão útil que aprendi em minha educação científica e que guardo desde então é: "correlação não é causalidade".
Um dos meus escritores favoritos sobre a forma como a ciência pode se tornar um sistema de crenças é B. Alan Wallace. Vou citar aqui seu livro de 1989, "Escolhendo a Realidade: Uma visão contemplativa do físico e da mente". Ele lista algumas premissas subjacentes:
i) Há um mundo físico que existe independentemente da experiência humana; (ii) ele pode ser apreendido por conceitos humanos (matemáticos ou outros); (iii) entre um número potencialmente infinito de sistemas conceituais para dar conta dos fenômenos observados, apenas um é fiel à realidade; (iv) a ciência está agora se aproximando dessa única verdadeira teoria; (v) os cientistas saberão quando a encontrarem.
Parece um palpite seguro dizer que a maioria das pessoas que adota a visão do realismo científico não está ciente dos muitos itens de fé que esta visão engloba.
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