Rastreando os nossos apegos - 03/12/2024

Quando eu era um adolescente viajando pelo interior da Índia, vi que a maneira como as pessoas podiam se apegar a uma bicicleta usada ou a um rádio velho e surrado não era diferente de como as pessoas na Inglaterra se apegavam aos seus carros ou aparelhos de som. Conclui que, assim como um gás se espalha para preencher qualquer recipiente que o contenha, o apego não controlado irá se adaptar a qualquer objeto que esteja disponível pra ele.

A vida monástica é concebida para maximizar as condições externas que apoiam os esforços para libertar a mente do vício em prazeres sensoriais. Mas os monásticos não vivem tão austeramente a ponto de todas as possibilidades de complacência sensorial estarem eliminadas. Há sempre algo que pode se tornar objeto de apego. Essa é a qualidade de dukkha da vida. O valor do modo simples de vida em um mosteiro é que ele reduz os objetos possíveis de apego a um mínimo fácil de ser monitorado. Em mosteiros da floresta, ele são comida, sono e conversa. Quando eu era um monge jovem, me lembro de Ajahn Chah dizendo tantas vezes: "Come muito, dorme muito, fala muito: esse é um tolo. Come pouco, dorme pouco, fala pouco: esse é um sábio."

Então quais são as lições para um budista leigo? Tomar os oito preceitos nos dias quinzenais de Uposatha é uma boa maneira de verificar a força dos próprios apegos e de ver onde é preciso trabalhar. Simplificar a própria vida sempre que possível acalma a mente e torna mais fácil observar o surgimento do apego, e abandoná-lo. 

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