Enxergando convenções como convenções – 16/08/2025

 

Em 1976, fui convidado para ficar na casa de uma família em Teerã. Morei com eles por três meses e fui tratado com muita gentileza. Nem sempre foi fácil. Tive que me adaptar a muitos costumes desconhecidos. (Lembro-me do meu constrangimento ao ter que andar pela rua com amigos homens com os dedos mindinhos unidos). Mas eu era observador e interessado na cultura e, na maior parte, evitava ofender qualquer pessoa. Uma coisa que me impressionou, como em outras partes das minhas viagens, foi como todos tendiam a ver seus próprios costumes como uma norma universal e o costume dos outros como uma espécie de desvio - encantadores, fascinantes, estranhos e nojentos.

Depois de deixar o Irã, e à medida que meus estudos budistas avançavam, pude perceber que dar um valor absoluto às convenções sociais é uma expressão de ignorância (avijjā) e dá origem a muito preconceito e violência.

Ajahn Chah costumava falar sobre a compreensão das convenções. Ele dizia que não é necessário abandonar as convenções, simplesmente vê-las como elas são. Ele não se referia às convenções sociais principalmente, mas à totalidade de nossas percepções, interpretações, crenças e visões de nós mesmos e do mundo em que vivemos. Ele dizia que a libertação reside na visão profunda das convenções como convenções. Nada mais, nada menos.

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