Sati no uso das palavras - 30/08/2025

 

Conta-se que Abraham Lincoln certa vez perguntou a alguém: "Se a cauda de um cavalo fosse chamada de perna, quantas pernas o cavalo teria?" "Cinco", foi a resposta imediata. "Não", disse Lincoln: "quatro. Chamar a cauda de perna não faz a faz uma."

Ajahn Chah costumava fazer uma observação semelhante. Ele dizia aos aldeões locais: "Vocês chamam isso de evento de fazer mérito, mas abatem um búfalo d'água para alimentar os convidados, e metade da multidão está bêbada. Chamar algo de meritório não o torna assim."

O ponto são as palavras que atrelamos às ideias, as ideias que atrelamos às palavras. Se temos ideias equivocadas sobre mérito (bom kamma) e demérito (mau kamma), podemos sentir alegria em gerar mau kamma, acreditando que ele é bom, e orgulho de evitar bom kamma, acreditando que ele é ruim. Parafraseando um velho ditado: "O caminho para o inferno está pavimentado de boas intenções e pensamento preguiçoso".

Sati às palavras é uma prática essencial nos dias de hoje. Quando palavras nos afetam emocionalmente ou nos encorajam a agir de uma determinada forma, é um sinal para sermos especialmente observadores sobre como essas palavras estão sendo usadas.