O que não tem solução, solucionado está - 13/12/2025
No final de dezembro de 2018, eu estava caminhando de Bodh Gaya para Kusinara para comemorar meu aniversário de 60 anos. Os primeiros dias foram difíceis, mas eu estava no ritmo. E então ocorreu o primeiro contratempo e perdi itens importantes da minha sacola, incluindo agulha e linha.
Na tarde seguinte, uma figura incomum se aproximou de mim, murmurando, cantando, pulando e dançando, tudo com um sorriso beatífico no rosto. Conforme se aproximava, seus olhos se focaram e todo o seu corpo estremeceu. Ele caiu no chão, prostrou-se e deixou claro que estava me implorando para ser seu guru. Uma situação delicada que eu pensei estar contornando com tato, quando ele agarrou minha sacola, insistindo que a carregaria para mim. Eu não tive escolha. Vê-lo dançar pela estrada à minha frente carregando todos os meus pertences não foi a mais pacífica das experiências.
E então, o segundo contratempo. Meu manto fino como papel, empoeirado, rasgou: um corte de trinta centímetros e sem agulha e linha para remendá-lo. Meu novo discípulo me tranquilizou. Ele apontou para uma vila a cerca de dois quilômetros a oeste e deixou sua ideia clara. Sinalizei que não era necessário, mas ele insistiu. Pedi que ele deixasse minha sacola, mas ele já tinha ido embora. Sentei-me embaixo de uma árvore e o observei desaparecer.
Fiz tudo o que pude: cuidei da minha mente. Pensamentos como "Vai ficar muito frio esta noite" e "Como você vai sair para esmolar sem uma tigela?" surgiram, não receberam boas-vindas e desapareceram. Esperei, uma respiração de cada vez.
Uma hora depois, meu discípulo retornou, radiante. Ele sacou uma agulha e linha com grande orgulho e começou a fazer um maravilhoso trabalho de remendar meu manto. Assim que terminou, ofereceu-o a mim com grande decoro e reverência, um largo sorriso e começou a cantar, pular e dançar em direção ao pôr do sol. Minha sacola, felizmente para mim, ele deixou pra trás.



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