Os perigos nossos de cada dia - 09/12/2025

Minha primeira ida ao teatro foi para ver duas peças curtas de Tom Stoppard. A que ficou comigo era chamada: "Depois de Magritte". Nela, a cortina se abre brevemente para uma cena completamente surreal. Então a cortina cai e se abre novamente no mesmo espaço (a sala de estar de uma pequena casa), de aparência completamente normal. O público percebe que agora está em algum momento antes da primeira revelação. A peça então nos mostra seus personagens tomando uma série de decisões normais e banais que convergem engenhosamente para a cena de abertura. A ideia de que situações bizarras e extremas são o culminar de um acúmulo gradual de fatores não bizarros e comuns me impressionou profundamente. Desde então, sempre que me pego pensando: "Como eles puderam...?", eu me lembro dessa verdade.

Nos dias de hoje, muita ênfase é dada ao sentimento, em confiar no próprio coração e por aí afora, e um ponto importante é frequentemente negligenciado. Em muitas áreas da vida, é o gotejamento gradual de muitas pequenas e insignificantes decisões que não envolvem o coração é que cria o nosso futuro. Esta é uma outra razão pela qual os preceitos são tão importantes. Como objetos de sati (lembrança, presença mental), eles fornecem padrões estáveis e inequívocos para ações e fala que impedem desvios inconscientes para o prejudicial.

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