Dar por dar, dar para receber - 24/12/2024

 

Um dia, logo após chegar em Wat Pa Pong, eu estava sentado com um grupo de monges e noviços, quando um amigo ocidental leigo - o chamarei de Barry - veio presentear o monge sênior com um presente bem embrulhado. O monge recebeu o presente, colocou-o de lado e retomou a conversa. Eu pude ver que Barry estava desapontado. Ele era um homem generoso e adorava ir à província local comprar presentes para os membros da Sangha. Mais tarde, ele expressou para mim sua mágoa pela falta de gratidão demonstrada pelo monge.

No dia seguinte, o monge me disse que, em sua opinião, ele havia dado a Barry a oportunidade de fazer mérito. Não era apropriado para um monge abrir um presente na frente do doador e expressar gratidão, porque isso tornaria aquilo muito pessoal e mundano. O monge expressa apreciação, anumodana, pelo mérito feito, mas não expressa agradecimento por um belo presente.

As palavras, a maneira e as expectativas óbvias de Barry quando ele oferecia seus presentes faziam muitos em Wat Pa Pong duvidar de quanto mérito ele estava realmente fazendo. Mérito, eu aprendi, é um nome para ações que ajudam a purificar a mente de impurezas. Não importa quão generosa seja a oferta, o desejo por uma recompensa, até mesmo gratidão ou elogio, reduz o mérito. Quanto aos monges, tomar a generosidade de doadores leigos como certa, usar suas ofertas sem presença mental e apreciação é realmente um mau kamma. Esse foi um ensinamento que ficou comigo.

Podemos dar por dar, ou dar para receber. Nenhum deles é fácil de fazer bem. Mas pôr abaixo o que nos leva pra baixo e elevar o que nos eleva é o caminho para a felicidade.

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