Não tome nada por garantido - 25/02/2025

 

Quando cheguei pela primeira vez em Wat Pa Pong, era hábito de Ajahn Chah passar uma semana em um pequeno mosteiro filial nas margens do Rio Moon. Em dezembro de 1980, fui selecionado para ser um de seus assistentes para aquela visita anual. Foi um período muito feliz para mim. Um dia, enquanto eu caminhava com ele ao longo da margem do rio, exclamei sobre a beleza do mosteiro e que lugar bom ali era. Ajahn Chah olhou para mim e disse: "Sim, é tudo bom. Só tem uma coisa aqui que não está boa ainda." Perguntei a ele o que era. Ele disse: "Você"

No dia seguinte, cheguei ao salão de Dhamma e encontrei Ajahn Chah e os outros monges entrando em veículos, prestes a retornar a Wat Pa Pong. Pedi cinco minutos para voltar e pegar minhas coisas na minha kuti. Ajahn Chah disse que não havia necessidade, que eu não voltaria com eles. Disse que queria que eu ficasse naquele mosteiro e cuidasse do abade. Eu sabia que não deveria perguntar por quanto tempo. A próxima coisa que eu soube foi que os carros tinham ido embora e eu estava sozinho com um velho monge, famoso entre os discípulos de Ajahn Chah por sua maneira rude e pouco inspiradora.

Minha estadia naquele mosteiro durou seis meses. Duas vezes por mês, nos dias de Uposatha, eu voltava a pé para Wat Pa Pong. Quando eu chegava, logo depois do meio-dia, meu manto estava encharcado de suor. Eu o colocava no varal para secar, tomava um banho e então ia para a kuti de Ajahn Chah, onde pedia permissão para massagear seus pés. Naquele ano, aprendi a não tomar nada por garantido, a me adaptar às circunstâncias e a me aplicar com diligência para me tornar um bom monge.

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